Tiramos uma semana de férias em família em julho e, saindo de São Paulo, me pego com alguns pensamentos curiosos sobre liberdade e restrição, afinal estávamos saindo desta cidade pela primeira vez depois de seis meses.
Me divirto com esses pensamentos. E rio sozinha em silêncio. Quantas vezes li a palavra “confinamento” desde que o governou nos pediu para ficarmos em casa por conta da pandemia? Era o melhor que podíamos – e podemos ainda! – fazer por nós e pelos outros também. Estamos entrando na Era de Aquário, que traz todo esse movimento de pensar e agir conscientemente de forma maior, no coletivo. Estamos vendo como o governo e a sociedade estão se mobilizando em prol dos menos favorecidos. Nunca tivemos algo igual ou sequer parecido. Uma mobilização de todos.
Assim, me pergunto: será que poderíamos viver como vivíamos? Será que conseguiríamos parar para refletir e fazer as mudanças necessárias? Sim, são muitas, não tenho ilusão de que conseguiremos fazer tudo de uma única vez, mas mantendo o foco e com resiliência conseguiremos chegar lá. Em um ano de número 4, isso é ainda mais desafiador. Ficamos literalmente entre 4 paredes, vivendo em casa parte das 4 estações, com a possibilidade de revisão de nossos valores – nossa base! -, organização de casa e materialização desse novo olhar.
Longe de dizer que tudo isso é simples, porque não é. Cada um no seu tempo, cada um na sua velocidade, saindo de suas prisões internas e externas. Quando digo isso, penso nas nossas limitações não só físicas, como espirituais, emocionais, mentais… Aquelas prisões que não vemos com nossos olhos físicos.
Para as pessoas que já trilhavam pelo caminho de se conhecer em um nível mais profundo, saber onde o “bicho pegava”, isso ajudou muito. Isso apenas quer dizer que o processo de organização e desapego internos já tinha começado. Não que ele fosse mais fácil ou mais difícil. São só aprendizados que começaram antes ou que vão começar depois, afinal, todos encarnamos para evoluir. Esse é o nosso único propósito aqui na Terra. Ainda que cada um tenha os seus aprendizados individuais.
Tudo o que acontece aqui “embaixo”, todos os nossos desafios, todos os nossos aprendizados são para que possamos ir nos lapidando como indivíduos, para irmos trazendo LUZ à nossa sombra e assim irmos iluminando o nosso caminho e dos outros também: a nossa auto-maestria. Esse é um processo longo, afinal vivemos muitas vidas aqui na Terra. Essa é apenas mais uma, mas estamos em um movimento planetário muito acelerado – e sinto, como muitos outros, que estamos correndo atrás do relógio o tempo todo, que não temos muito tempo -. Assim, vamos aproveitar essa encarnação, deixar nossas resistências de lado e aprender o que viemos que aprender? Quantas e quais chances haverão pela frente dependerão da superação de nossas limitações, de nossas dificuldades, de como encaramos nossos desafios…
Você já parou para pensar quantas prisões vivemos? A prisão de estarmos fisicamente encarnados. Nunca paramos pensar muito nisso, não é mesmo, a prisão de nossa alma a este corpo? Muitas vezes me sinto como um peixe preso em um aquário que quer respirar fora da água e fora do aquário, porque mesmo o oceano é limitado para ele, mas que não pode… Além disso, vivemos as nossas prisões mentais: as nossas crenças, as nossas emoções, os nossos pensamentos…
A boa notícia é que a chave para nos libertarmos disso tudo está dentro de nós. A possibilidade de tomarmos consciência de nossas vidas, de fazermos melhores escolhas e assim evoluirmos. Há cada vez mais pessoas que podem nos auxiliar nesse momento. Há muitas técnicas que podem nos trazer essas informações para fazer com esse caminho seja menos tortuoso, pareça menos com um labirinto, para que esse caminho de evolução seja feito com mais amor – e menos dor -. Amor gera harmonia…
A numerologia, a astrologia, as constelações sistêmicas, os registros akáshicos são técnicas, dentre muitas outras, que podem nos auxiliar. Elas não vão trazer respostas, nem certezas, nem fórmulas “mágicas”. Longe de serem pílulas douradas. Elas nos trazem informações valiosas, que auxiliam a tomar as melhores decisões de forma consciente. Eu só acredito em transformações que ocorrem com consciência.
Estas técnicas, quando feitas por um profissional competente, nos trazem informações que vão nos ajudar a nos conhecer em um nível mais profundo e a entender os desafios nos diversos momentos da vida. Elas nos empoderam – eu não gosto muito desse termo, em especial por conta de como vem sendo usado ultimamente – para que você tome as melhores decisões para você durante a sua vida. Eu também gosto muito dessas técnicas para me ajudar a conhecer meus filhos e em como posso ajudá-los no processo de educação e crescimento deles.
Tudo isso vai nos libertando de todas essas prisões, exceto a física, porque essa só ocorrerá quando fizermos a nossa passagem. Isso é um processo que dura a vida inteira! Você já parou para pensar quantos aprendizados – e quantas chances estamos tendo – de aprender nesse período? Veja bem, é uma vida, que é finita! No entanto, se compararmos isso à imortalidade de nossa alma… difícil pensar assim, porque não estamos acostumados a dimensionar isso. Limitação que nos foi imposta com o “véu do esquecimento”. A questão não é chegar “lá”. O que é importante é como chegar lá e o que aprendemos no caminho, porque aprendizados existirão por todo o sempre.
Muitas pessoas começaram a meditar durante esse período, por qualquer que fosse o motivo, seja para diminuir a ansiedade, seja por questões já cientificamente comprovadas de saúde. De uma maneira geral, estamos tendo a percepção – e isto é real – de que há algo maior. Algo que não possa ser materializado, mensurado com as ferramentas que criamos de acordo com a nossa lógica humana e que nos faz bem, nos deixa feliz, nos faz sentir plenos.
Já conseguimos compreender que o mundo não é só aquilo que sentimos com os cinco sentidos. Há um sexto sentido, que é perceptível. Quanto temos ouvido em confiar em nossa intuição?
Fica cada vez mais evidente de que o todo é único e que nós só o “dividimos” para facilitar a nossa compreensão, o estudo, a referência, por conta, de novo, das nossas limitações. As pessoas estão começando a entender que é necessário integrar tudo, o masculino e o feminino, a sabedoria do Oriente com a ciência do Ocidente. Adoro as aulas e os livros da querida Susan Andrews, do Instituto Visão Futuro, porque ela consegue integrar visões aparentemente opostas de forma “mágica”, com clareza. Quando participo das aulas dela ou quando leio os livros, toda a informação se encaixa, cai todo o muro que separava tudo. Para quem quiser entender um pouco mais sobre meditação e como as visões de oriente e ocidente se complementam fica a dica do livro “Meditação – o que dizem os cientistas e sábios” da Dra. Susan Andrews.
Essa dualidade que vivemos de tudo: claro e escuro, dependência ou autonomia, mentira ou verdade, harmonia ou conflito, cooperação ou competição, nos mostra que para saber o que é ter flexibilidade precisamos conhecer a intransigência. Para conhecer a perseverança, precisamos saber o que é desânimo. Para saber o que é respeito, precisamos saber o que é desrespeito. Não é preciso viver tudo isso, mas sim saber o que é para viver com sabedoria o caminho do meio. Ou talvez, possamos usar a força de um para chegar no outro. Por exemplo, usar a força da raiva – e que força a raiva tem! – para fazer algo amoroso.
Assim, liberdade e reclusão – ou confinamento, como muitos diriam – também são opostos. Para saber um, tenho que conhecer o outro. Repetimos que somente o conhecimento liberta. Acredito que isso seja muito mais amplo do que para conteúdos escolares, a que normalmente nos referimos.
Quando nos conhecemos, quando temos consciência de quem somos, daquilo que viemos fazer, do que viemos aprender, das dificuldades que temos que superar, nos libertamos. E a liberdade vem em níveis, que vamos aprofundando conforme vamos nos conhecendo cada vez mais e assim vamos nos transformando e transformando o nosso entorno.
Não podemos mudar o mundo, podemos mudar a nós mesmos. Já ouvimos e lemos essa frase um monte de vezes. Ela é verdadeira. E assim, como uma pedra jogada em um lago de águas calmas, ela vai gerando ondas e quebra a estática do lago… Essa consciência de nós, da humanidade, do nosso planeta e de tudo que vai além só expande cada vez que compreendemos mais sobre os multiversos, o cosmos, enfim, um desconhecido que ainda não conseguimos. O filme de ficção científica “Lucy” (com Scarlett Johansson no papel principal) ilustra bem essa limitação de consciência.
Consciência tem a haver com responsabilidade. Quando assumimos o controle da nossa vida e deixamos de culpar os outros – e não digo isso somente, digo “eu vivo isso que eu falo”-, estou diante da liberdade. Na medida em que vamos compreendendo, entendo tudo isso, vamos saindo da nossa própria escuridão, das nossas dores, das nossas prisões, da caverna de Platão e seguimos em direção à liberdade, em todos os planos: mental, emocional, espiritual, físico…
Esse período de reclusão, ou de confinamento, está nos dando esse tempo. De acordo com a Cabalá, tempo é misericórdia entre causa e efeito e quanto mais conscientes vamos ficando, mais atentos temos que estar às nossas ações, nossos pensamentos e nossos sentimentos. Quanto maior a LUZ, maior a sombra.
Não podemos fazer somente aquilo que queremos: não só porque seria egoísta, porque vivemos em comunidade, como também, como escrevi acima, porque estamos entrando na Era de Aquário onde devemos pensar no coletivo, ter mais empatia e compaixão. O uso de máscara no atual momento de pandemia é um exemplo claro disso. Quantas vezes já ouvimos que a minha liberdade termina onde começa a do outro? Há toda uma ordem maior em restrição e liberdade…
Por isso, fica aqui o meu convite: ouse mais, vá devagar, se esse for seu ritmo. Permita-se esse caminhar de ir mais fundo em você mesmo, nas suas prisões, sem medo. Peça ajuda para aqueles que já caminharam um pouco mais. Não tem nada de mais. Todos somos vulneráveis, todos temos nossas fragilidades, estamos todos aprendendo, acertando e errando. Quando compartilhamos nossos fracassos e nossos sucessos, ajudamos os outros. Temos a impressão de que as coisas só acontecem exclusivamente conosco. Isso não é verdade. Podemos aproveitar e ganhar enormes saltos de aprendizados com os outros, em trocas mútuas. E temos que ser humildes, porque temos muito a aprender se quisermos efetivamente sermos livres….
Que texto!!!! Merece um Tedx. Parabéns Pat!
Agradeço pelas palavras de incentivo, Cá. É aquilo que sempre falamos: vivemos tudo aquilo que falamos e escrevemos. E, às vezes, o processo é inverso: vamos vivendo isso tudo tão intensamente, que quando nos damos conta o texto está pronto para ser escrito!
Muito Lindo Patricia! 🌺
Que bom que gostou, Renata!
Adorei o texto Patrícia! Parabéns!
Que bom que gostou, Jacira. Agradeço pelas palavras!!!
Patrícia! Sua Lucidez é um grande Alerta para nós!!! E sua Profundidade, tanto no uso das palavras, como no dos conteúdos, um Convite inadiável à reflexão! Obrigada!!! Um re-ligar ao que temos para nos levar ao que é Ser, realmente❣️
Oi Mônica, que bom que o texto causou essa reflexão! Penso que reflexões são sempre necessárias para seguirmos em nossas vidas, em nossas escolhas. São trocas e com comentários assim também vou pensando nos próximos textos…. Sou muito grata por suas palavras e por seu incentivo, sempre!! Um grande beijo para você!