Estar no meio da tormenta não é tarefa fácil. Os marinheiros enfrentavam bravamente as tormentas e todo tipo de imprevisto quando se lançavam ao mar. Não tinham nenhum recurso tecnológico. Navegavam com mapas imprecisos, se guiavam pelas estrelas e seguiam sua intuição. Nem sempre dava certo… e eles seguiam, com aquilo que havia “sobrevivido”. Aliás, eles não tinham certeza alguma quando saiam em seus barcos, seguiam com sua coragem, determinação e fé. Quantos barcos naufragaram ao passar pelo Cabo da Boa Esperança? A primeira lição que temos na escola é que o continente americano foi descoberto pelos europeus ao acaso, sem planejamento algum, que os navegadores estavam indo para as Índias. Depois aprendemos que as coisas não aconteceram desta forma.

Hoje vemos instrumentos de navegação muito sofisticados, alguns que funcionam por satélite, mapas cartográficos precisos. Para que essa evolução ocorresse, houve a necessidade de lidar com o inesperado, com o inusitado, com o desconhecido, com determinação, sem certeza alguma. Isso é muito do que vivemos hoje em dia. Afinal, a tormenta não deixou de existir.

Acreditamos que já possuímos tantos recursos tecnológicos que tudo será resolvido rapidamente. Isso não é verdade. Aliás, muito pelo contrário. Surgiram novas doenças, as emoções ficaram bem mais complexas… E surgiram vários tipos de tecnologias e terapias holísticas. Tudo se tornou bem mais complicado e mais amplo, porque conforme vamos evoluindo, nossa percepção também vai ampliando. Se aprendemos mais, temos mais consciência, e, consequentemente, mais responsabilidades. O discernimento vem com a consciência…

Não temos certeza alguma durante o processo. Enquanto caminhamos, temos que confiar que fazemos o melhor que podemos e conhecemos naquele momento. É claro que quando chegamos ao topo da montanha temos outra visão, outra perspectiva, pois compreendemos o todo. Até lá, nos sentimos como se estivéssemos dentro de um labirinto. Não podemos olhar para trás e pensar que deveríamos ter tomado outra decisão. Essa visão é míope.

Explico: você começa uma caminhada de uma forma, com uma determinada bagagem, com um nível de conhecimento, vai fazendo escolhas, de caminhos, trilhas e desafios pelos quais você pode ou deve enfrentar, às vezes tira coisas da mochila, pode até colocar outras coisas que encontra no caminho, até chegar no topo da montanha. Assim, você chega ao final diferente do que quando entrou, porque houve aprendizados e várias vivências ao longo da caminhada que fizeram com que você mudasse. Impreterivelmente, a visão ao final do percurso é diferente daquela do início. Não podemos julgar ou pensar que poderíamos ter feito diferente ao longo da caminhada na montanha por não termos percebido algumas informações ao longo do processo. Tudo pelo que passamos fez parte do nosso processo de amadurecimento do discernimento.

No entanto, o que podemos ter é o discernimento ao longo do processo para irmos fazendo esse caminhar mais suave, indo em direção ao cume sem nos “perdermos tanto”, sem fazermos percursos desnecessários. Como somos seres únicos, cada um constrói o conhecimento de uma forma e age e reage de forma única às situações. Também usamos ferramentas diferentes ou combinadas de forma diferentes. Não existe uma fórmula que serve para todos. No máximo pode funcionar para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. Dessa forma, nosso discernimento vai depurando ao longo desse caminhar.

Alguns se basearão em estatística, outros em leis, nos astros, outros ainda na intuição, por exemplo. A realidade é percebida de diversas formas pelos seus observadores, de acordo com a experiência e o aprendizado de cada um.

Vivemos em um momento em que estamos cada vez mais vulneráveis, com menos certezas e temos que agir de acordo com nossas crenças. Se você resolver se guiar pela grande mídia, por exemplo, vai ficar parado no lugar. Ela é confusa, parcial. Muitas vezes nem verificam a fonte. Só replicam. Se nos basearmos nas estatísticas, temos que ver quais são as premissas que servem de base para ela. Pode estar distorcida para alguns, pois estes podem considerar que algumas premissas, algumas variáveis deveriam ter sido consideradas e que se tivessem o sido, o resultado teria sido diferente.  É preciso exercer discernimento a todo momento…

Ou seja: é preciso ir além daquilo que até então era verdade, isso faz parte da evolução.  É preciso sair da zona de conforto e ir depois do conhecido. É preciso se esforçar e entender de assuntos que até então você não conhecia. Com discernimento. É preciso estudar e trocar ideias com fontes confiáveis. É preciso confiar na intuição quando é preciso decidir sobre duas alternativas aparentemente iguais.

Quando não sabemos o que fazer, quando estamos perdidos, a maioria de nós respira profundamente em uma longa pausa. Pedimos ajuda. Somos humildes. Pode ser a um amigo, a um familiar, a um colega de trabalho, a Deus. Queremos alguma dica, alguma pista por onde seguir, algo para nos ajudar a tomar uma decisão, por exemplo. Como se fosse um cheiro para apurar nosso faro. 

Não há segurança nenhuma quando tomamos alguma decisão. Alguns desencontros serão necessários para que haja encontros. Há alguma forma de reduzir os percalços que aconteçam? Não! O erro faz parte do aprendizado. E como temos receio de errar! Temos que honrar nossos erros, porque a vida é perfeita com toda sua imperfeição. Só assim o discernimento refina.

O que pode ser bom para um, pode não ser para o outro e assim vamos encontrando o nosso próprio caminho, nossas estratégias externas e internas, as fontes que consideramos confiáveis para aprimorar nosso discernimento.

Você já pensou quanto este momento está sendo rico de aprendizados? Nunca havíamos ouvido falar tanto em fake news. Quantas recebemos e que depois percebemos que não faziam sentido algum! Aliás, há fake news sobre fatos verdadeiros. Que loucura! Para manipular, para te confundir. Para se manterem no controle da situação atual. Quando você compartilha seus dados, ou permite que os outros tenham acesso a eles: será que isso faz sentido? Para que? Onde está sua privacidade? Para quem você vai dar acesso a sua vida? O que é público e o que é privado? Discernimento…., a su

Quantas mensagens falsas de bancos, administradoras de cartão, operadoras de celular ou TV a cabo você recebeu ultimamente? Quantas eram falsas? Vamos pensar antes de abrir os e-mails e não olhar só o remetente, mas sim o e-mail do remetente para ver se é conhecido. Vamos pensar: será que os bancos e administradoras de cartão que têm todas as nossas informações iriam pedir determinadas informações por telefone? Vamos ligar para os bancos sempre que recebermos um boleto que parece “estranho” antes de efetuar o seu pagamento? Alguém disse que você ganhou um prêmio ou uma herança por e-mail? Desconfie, desconfie, desconfie. Corra atrás das “pistas” para ter discernimento, para reconhecer aquilo que é falso. Sem pressa. Aliás, é na pressa, na ansiedade que nos atrapalhamos, cometemos erros sem pensar. E na dúvida, peça ajuda para alguém: para seu banco, para sua operadora de celular… Não se intimide em achar que é bobo: esse discernimento interno, aquela sua “voz interna” que te diz para não confiar, para checar antes de fazer. A humildade é intrínseca ao discernimento.

Volto à questão dos posts e limites. Quantas pessoas acabam expondo além daquilo que outros consideram razoável? Qual o limite da intimidade, da privacidade? Até que ponto permito que os outros saibam da minha vida? Até que ponto dar exemplo íntimos é necessário? Discernimento…

Discernimento… Tem tantos tons. Nunca pensamos nisso tão intensamente. Quantas vezes recentemente ouvi que estamos vivendo a separação “do joio do trigo”. Como fazer isso sem conhecimento, sem discernimento? Como dizer que temos amigos ou conhecidos se não temos discernimento para entender se há interesse pessoal ou comercial, algo mais profundo ou mais superficial?

O discernimento não deve ser só de quem lê um texto ou contrata um serviço, deve ser também de quem escreve o texto ou presta o serviço. Um profissional que oferece um serviço sabendo que não é exatamente o que o seu cliente precisa ou que o faz sem a expertise necessária, colocando em risco o bem estar mental ou material de seu cliente também não está atuando com discernimento.

Imagine alguém que vá até uma lavanderia pedindo para lavar um casaco de pele e o atendente recebe o casaco, mesmo sabendo que aquela lavanderia não tem produtos e/ou equipamento para prestar este serviço. O resultado será um bom serviço? Por mais que o atendente tenha boa vontade, é provável que não, pois não terá os produtos ou equipamentos que permitiriam ao cliente receber a melhor lavagem possível pelo preço pago. Faltou discernimento ao prestador de serviços, que não entrega o melhor serviço e ainda pode perder um cliente para outros trabalhos. Faltou discernimento.

Por isso, encerro o texto com a seguinte reflexão: duvide de tudo, sem medo, vá fundo. Questione até entender tudo aquilo que considera importante para ter discernimento. Questione a si mesmo. Não importa se são pessoas, fatos, sentimentos. Ouça sua mente e ouça seu coração, sua intuição também. Não se paute exclusivamente naquilo que você já ouviu falar ou já aprendeu. Vá além. Sem inocência. Pense na intenção. Ela está alinhada com a ação? O mundo está passando por um momento novo. Tudo está sendo revisto. Só deve ficar aquilo que é o essencial, que é verdadeiro, que é construído em uma base sólida. Com coragem, sem medo. Para chegar nesse “lugar”, em qualquer nível que seja, físico, emocional, espiritual, por exemplo, tudo deve ser olhado, analisado com cautela… Se já estávamos cansados do valores, dos princípios que vivíamos, temos uma ótima oportunidade de reescrever a história: em base de discernimento….

 

 

 

Receba as novidades no Blog!

Receba as novidades no Blog!

Deixe seu email para receber as novidades no Blog e sobre próximos eventos!

Sua subscriçao foi um sucesso!